Isaías 61:1-3 ARA
(1) O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim,
porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a
curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em
liberdade os algemados;
(2) a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia
da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram
(3) e a pôr sobre os que em Sião estão de luto
uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor,
em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça,
plantados pelo SENHOR para a sua glória.
Feliz Ano Novo!
Todos queremos isto.
Queremos um ano feliz, cheio de coisas
boas, de sonhos realizados, vitórias alcançadas, prosperidade.
E nem queremos nos lembrar que as
vitórias se alcançam com lutas, que a felicidade é subproduto de uma série de
escolhas e fatores, e que as coisas boas precisam ser plantadas para ser
colhidas.
E, ainda assim, nem sempre tudo dará certo, porque o fim de tudo
ainda não chegou e o paraíso não é aqui. Porque o juízo final ainda não chegou
e a justiça ainda não reina.
É assim mesmo. E não adianta vestir-se de
um determinado modo, pular tantas ondas ou fazer certos gestos mágicos. A maior
parte do que sucede ao mundo não dependerá de nós, mas ainda assim, muito disso
nos atingirá.
Inevitavelmente, para muitos o novo ano
trará dores e sofrimentos, perdas e tristezas, mesmo que estejam plantando
coisas boas. E ainda, para outros este será o último ano, e, neste caso, o
importante para eles não é que o ano seja bom, mas que os encontre preparados
para a eternidade.
Sim, desejamos boas coisas para nós
mesmos, mas nunca teremos isto para sempre neste mundo.
Mas e então? Devemos ser pessimistas e
não desejar o bem? Devemos curtir o negativo e não esperar dias melhores?
Não. Não há nada de errado em pedir e
desejar o bem, mas precisamos, antes disso, entender o que realmente produz o
bem, e não só por um ano, mas para a eternidade. E precisamos entender que
sempre haverá “males que vêm para bem”, como também “bens que nos poderão fazer
mal”.
Muitos até estão plantando o mal para si
mesmos ao fazer suas oferendas pensando em colher o bem. E muitos estarão
colhendo maus resultados de alguns “bens” que hoje estarão usufruindo, pois os
prazeres do pecado sempre serão transitórios (Hebreus 11.25).
Certo ano após a virada, andando na praia
pude ver muita sujeira formada pelas flores estragadas, muitas velas derretidas
na areia, e pedaços de galinhas e outros animais mortos boiando na praia ou
arrastados pelas ondas para a areia. Vi até uma cabeça de bode já em
putrefação... que tristeza.
Também vi muitas garrafas, latinhas de
cerveja e até camisinhas e restos de cigarros de maconha... Votos, prazeres,
entorpecimentos...
E a mídia hipócrita só descreve os fogos
e as alegrias do povo... Não mostra quanta gente se embriagou, quantos se
acidentaram, quantos foram esfaqueados, quantos se contaminaram com AIDS e
outras DSTs. Quantos dormiram com outras mulheres e homens ou voltaram para
casa bêbados e espancaram seus filhos.
Tantos, mesmo sem saber, dedicam os seus
dias ao mal, vestindo-se de certas cores e apresentando oferendas. Jogam flores
e até poluem o mar e a terra na expectativa de que os bons espíritos tragam
boas coisas. E até aos maus fazem oferendas, querendo que não atrapalhem.
Na verdade ignoram que, ao oferecer algo
aos espíritos, abrem-lhes as portas. E estes, sendo invocados, se apropriarão
do que puderem de sua casa e de sua família, porque são ladrões e roubadores,
assassinos e maus (João 10.10a).
Mas há também os que vão à igreja,
julgando buscar sua prosperidade noutra fonte. Entretanto não convertem suas
motivações nem seu comportamento, e se iludem porque ouvem as palavras de Deus
e não as praticam. Pensam estar invocando a Deus, mas continuam servindo-se a
si mesmas. Julgam que Deus vai favorecê-las porque lhe ofereceram algo.
Mas com Deus não é assim. Ele não aceita
o que não é lavado pelo sangue do Filho. Ele não recebe nada do que é oferecido
por ignorância e até por egoísmo.
Ele quer que apresentemos nosso corpo
como sacrifício vivo, santo e agradável, de modo racional e consciente. Ele
quer que tenhamos uma mentalidade diferente da mentalidade deste mundo e que
nossa vida seja transformada por esta mudança de conceitos e valores (Rm
12.1-2).
Ele quer que respondamos de modo inteligente e determinado ao
sacrifício que ele já apresentou, apresentando-nos, nós mesmos, inteiramente,
como sacrifício.
E não apenas para termos um ano que nos
agrade, mas anos de vida que O agradem (este também é o sentido da palavra “ano” em
Is 61 – “shaneh” – o curso ou os anos de vida).
Num dia como este (passagem de ano),
podemos cair no erro em que caiam os judeus no dia do jejum.
Pensavam que, por apresentar um dia de
jejum ao Senhor este teria de aceitá-los e abençoá-los.
Mesmo tendo um comportamento cheio de
injustiça e pecado, queriam ser protegidos e bem-sucedidos.
Pensavam que o sacrifício apresentado e a
fome de um dia colocavam Deus em obrigação para com eles (Is 58.1-5). Pensavam
que o que bastava era um dia especial para produzir resultados favoráveis,
mesmo sendo desobedientes, egoístas e maus.
Mas Deus lhes disse que a benção dele
dependia de um andar que o agradasse.
Se eles mudassem seu comportamento,
deixando de ser egoístas, de oprimir ao próximo e de tirar proveito dos
necessitados; se fossem bondosos, compassivos e generosos, teriam a direção do
Senhor e o seu farto suprimento (Is 58.6-11). Seus filhos seriam prósperos e
conquistariam o que eles tinham perdido (Is 58.12).
Se não buscassem o seu próprio interesse
nem fizessem promessas tolas, mas tivessem prazer em agradar a Deus e estar na
sua presença, aprenderiam a usufruir da alegria que vem do Senhor, seriam
abençoados e sustentados pelas promessas dele (Isaías 58.13-14).
O
que nós devemos desejar, portanto, é que o ano seja aceitável ao Senhor. Que ele se
agrade e se alegre das nossas atitudes, escolhas e comportamento.
É comum hoje nas igrejas ‑ e não é necessariamente errado ‑ que se
nominem os anos dizendo “este ano será o ano da restauração, da renovação, da
multiplicação, e de outros “aos”...
E tudo isto é bom... mas penso que temos
que fazer declarações tais como “este ano vai ser o ano de mais arrependimento...
de quebrantamento... de crescimento na graça... de crucificação do eu etc.
Em
vez de desejar que o ano seja melhor para nós, desejemos ser melhores neste
novo ano e nos que ainda virão.
E ser melhores depende de ser “menos eu”
e “mais Jesus”. E isto só a cruz pode fazer (Lc 9.23), pois “importa que Ele cresça e eu diminua”
(João 3.30).
Não caiamos no erro de fazer votos em troca
de um ano melhor. Ofereçamo-nos a Ele inteiramente, completamente, como sacrifício
vivo, para que Cristo, reinando em nós, nos faça realmente melhores.
Jesus Cristo, nosso Senhor é realmente o
único que é aceitável ao Pai. E o ano aceitável do Senhor é a vida de
obediência e submissão a Jesus Cristo.
Sim, é esta obediência e submissão que também
nos tornam aceitáveis aos Seus olhos.
E, se somos a ele aceitáveis, também
seremos abençoados simplesmente porque “aos seus amados ele dá o pão enquanto
dormem (Sl 127.2).
E o ano novo será uma bênção.