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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Instrumentos de Mudanças


Atos 10:28-29
(28)  e lhes disse: "Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum.
(29)  Por isso, quando fui procurado, vim sem qualquer objeção. Posso perguntar por que vocês me mandaram buscar? "

O capítulo 10 de Atos relata uma mudança imensa e extremamente importante na história da Igreja. Até então a Igreja era exclusivamente judia e, para que alguém se tornasse cristão, precisava primeiro tornar-se judeu.

É fácil para nós, hoje, entendermos que este não era o plano de Jesus, pois ele havia determinado que seus discípulos fizessem discípulos de todas as nações (Mateus 28.18-20).
Entretanto, para os primeiros discípulos, havia toda uma estrutura mental, cultural e histórica a ser rompida.

A visão que Deus dá a Pedro (Atos 10.10-16) agride a sua estrutura religiosa. Para um judeu, comer carne de repteis, aves e animais considerados imundos era um pecado inadmissível. Por este motivo Pedro diz não ao Senhor por três vezes, pensando que estava sendo provado em sua fidelidade.

Depois, sendo sensível à voz do Espírito, começa a entender o que Deus quer lhe dizer. Percebe, então, que a fé em Jesus abre as portas do Reino de Deus a qualquer ser humano, não importando sua raça, nação ou cultura, sem a necessidade de passar por cerimônias e adotar costumes judaicos, ou de guardar a lei de Moisés.

Neste capítulo também vemos que Deus quer usar homens como seus instrumentos. Um anjo de Deus fala com um homem que está orando (Cornélio), mas determina que este procure outro homem (Pedro), que seria o instrumento de Deus para pregar-lhe o evangelho.

Entretanto, Deus precisou tratar com este instrumento para que ele estivesse aberto a mudanças, pois antes disso Pedro jamais aceitaria o convite e jamais entraria na casa de um gentio (não judeu).

O evangelho e Jesus nunca mudam, mas os instrumentos de sua pregação precisavam mudar sua maneira de pensar para que pudessem alcançar o mundo ao seu redor.

Se não podemos ser mudados, não podemos ser instrumentos de mudanças.

Pedro, como todos os judeus, e como todos os religiosos ao longo do tempo, e como nós muitas vezes, tinha a tendência de complicar as coisas e anular a simplicidade do evangelho.

Ao entender que o evangelho estava acima de sua cultura, de seus costumes e de toda a sua herança religiosa, Pedro pôde ser usado, como Jesus havia prometido, para abrir as portas do reino aos não judeus (é assim que se deve entender a promessa de Mateus 16.19).

A partir daí, deste episódio na casa de Cornélio, a Igreja vai aos poucos se apartando da sua origem judaica e estendendo-se para alcançar a todos os homens.

Infelizmente, ao longo da história, inúmeras vezes, estruturas, regras, costumes e conceitos culturais e religiosos, mesmo dentro da igreja, acabaram engessando e impedindo o avanço do verdadeiro evangelho.

Por isso Deus tem de fazer mudanças em nós para que possamos ser melhores instrumentos em suas mãos.

É preciso voltar à simplicidade do verdadeiro evangelho. E é preciso, também, aceitar as mudanças que Deus quer fazer em nossa maneira de pensar para que possamos cumprir seus propósitos (Romanos 12.2). 

Muitas vezes, antes de nos usar como seus intrumentos, Deus precisa nos libertar das amarras com que a tradição e as estruturas religiosas nos aprisionaram com o passar do tempo.

Concede-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguirmos umas das outras.   (Reihold Niebuhr – pastor e teólogo americano – 1892-1971)

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