quinta-feira, 7 de julho de 2011

Para entrar no reino


Atos 14:21-22
(21)  E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia,
(22)  fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.

Dois temas me chamam a atenção no capítulo 14 de Atos, pois são temas recorrentes nas Escrituras.

O primeiro é a instabilidade de humor das multidões.

Da mesma forma como a multidão que recebeu Jesus em Jerusalém com louvores, uma semana depois pedia a sua crucificação, também constantemente aconteceu aos apóstolos. Em todas as cidades havia, muitas vezes uma recepção calorosa num momento e, depois, uma rejeição incitada por judeus ou outros invejosos hábeis em manipular a multidão.

O interessante é observar a retidão moral dos apóstolos que, tendo a oportunidade de manipular a multidão em proveito próprio nalgumas ocasiões, nunca o fizeram.

O verdadeiro líder cristão não está em busca de popularidade e, por isso, jamais é demagogo.

É totalmente falso que a voz do povo é a voz de Deus. Como acontece com o mercado, a única coisa certa a respeito do ânimo do povo é a incerteza.

Assim, quem quer agradar ao povo, não pode agradar a Deus senão em raras ocasiões.

O segundo tema é o do sofrimento e tribulação (aflição, diversidade, perseguição) por amor a Cristo.

Os apóstolos Paulo e Barnabé animavam a fé dos irmãos mostrando-lhes que deveriam esperar angústias ao entrar no reino de Deus, e não desanimar diante delas. Eles estavam “mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.” (Atos 14.22)

É tão diferente a palavra dos apóstolos a respeito da entrada no reino de Deus da palavra daqueles que dizem pregar o reino de Deus hoje. Hoje se diz “pare de sofrer”, dando a entender que ao entrar no reino uma pessoa não terá mais problemas na vida.

Embora, como já vimos noutra ocasião, haja uma certa verdade nisto, não é toda a verdade. 

É certo que, ao nos arrependermos e nos entregarmos a Cristo, certas causas de sofrimento, principalmente oriundas do pecado e da opressão demoníaca, serão extintas e, em conseqüência, algumas formas de sofrimento irão desaparecer.

Ao obedecer e aplicar a palavra de Deus em sua vida o cristão irá, aos poucos, eliminar os sofrimentos causados pelos próprios pecados e pela maneira errada com que se relacionava e vivia antes. Antes ele brigava com a esposa ao chegar bêbado em casa e agora não bebe mais... Antes ele gastava o dinheiro com prostitutas, agora leva o leite e o pão para os filhos... Antes ele queria viver um padrão de vida que não podia e se endividava, agora aprendeu a ser humilde e conquistar as coisas aos poucos com o trabalho honesto e gastos equilibrados... Antes ela vivia deprimida e com medo da morte por causa dos cultos a espíritos malignos que oprimiam seu lar, agora tem paz e confiança... Sim, alguns sofrimentos se vão... 

Há, entretanto, outros tipos de dores que todos sempre terão de enfrentar: acidentes, enfermidades, envelhecimento e morte. A perda de pessoas amadas. A perda de um emprego, a derrocada de um empreendimento, perdas financeiras. E outras coisas comuns como um pneu furado, uma peça de carro quebrada, um amigo que nos trai a confiança, trânsito, dor de cabeça ou de dente, etc. etc.

Jesus nunca prometeu que estas coisas não aconteceriam a seus discípulos.

Então, algumas formas de sofrer cessarão, outras permanecerão.

Mas o que acontece quando alguém se torna discípulo é que passa a enfrentar novos tipos de tribulação. Os amigos de farra com quem antes saía agora o rejeitam porque ele não mais os acompanha na devassidão. O patrão que o mandava mentir agora o manda embora porque ele se recusa a dizer o que não é verdade. O pai, que antes não falava nada quando a filha chegava de madrugada drogada, agora implica e não quer deixá-la ir à igreja. Já vi tanto destas coisas acontecerem. E elas são as mínimas.

As tribulações a que os apóstolos se referem aqui são, justamente aqueles que eles mesmos experimentavam, oriundas da oposição à fé num mundo anticristão.

Portanto, a verdade sobre isto é que todos vão sofrer. Ninguém deixará de sofrer neste mundo de uma ou de outra forma. 

Entretanto, há causas pelas quais vale a pena sofrer. Ser cristão nos fará sofrer um tipo diferente de sofrimento, que nos enobrecerá muito mais no reino de nosso Pai.

Assim, a mensagem não é, jamais, “pare de sofrer”, mas “sofra pelo que vale a pena”, “sofra pelo que é justo”, “sofra por amor a Cristo”.

E o interessante é que um e outro tema estão relacionados – refiro-me aos temas da multidão instável e do sofrimento pelo reino. 

Sofreremos sim, por estarmos num mundo que “jaz no maligno” (1 João 5.19) e não compartilharmos mais dos seus valores (1 Pedro 4.3-4 - texto que transcrevo abaixo). Sofreremos por sermos “tolos” e não abrir mão dos valores cristãos e não aproveitarmos mais das oportunidades para nos promovermos ou tirarmos vantagens, por não mais manipularmos ou fazer o jogo mundano. 

Sofreremos porque a mesma sociedade hipócrita que proclama ser cristã e elogia Jesus como um grande mestre é a sociedade que o crucifica e rejeita, fazendo o mesmo com aqueles que O levam a sério.

Você está disposto a sofrer pela causa mais sublime? Sofra pela causa certa. Entre no reino de Deus.

 “No passado vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e farras, e na idolatria repugnante. Eles acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de imoralidade, e por isso os insultam.” (1 Pedro 4:3-4)

Ó Deus, dá-nos um coração tão convicto que se fortaleça diante das tribulações em vez de desanimar.

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